Sem a música, a vida seria um erro
Nietzsche
As duas visitas que realizámos, este ano lectivo, ao Palácio da Galeria tiveram uma repercussão muito interessante nos conhecimentos e nas relações afectivas, que se desencadearam, entre os intervenientes. Assim que se agendou a primeira visita, gerou-se uma inquietação, um desejo de conhecer e desvendar que se ia exprimindo na pergunta," O que vamos ver?", "Será que nos vai agradar?", "Já fomos ver uma exposição. Será que a segunda nos traz algo de novo?". E lá fomos procurar acalmar esta ânsia. À medida que explorávamos, interpretávamos e compreendíamos instalava-se uma satisfação, por nos estarmos a tornar mais completos, mais humanos. Mais ainda, em retrospectiva, verificámos que entre as duas exposições havia um fio condutor estimulante: a presença da evocação das memórias da infância. Este extraordinário ingrediente esbate o presente, inocenta-o e adoça-o.
Ora se a Filosofia é, antes de mais, criação de pensamento, e daí as suas repercussões que atravessam toda a cultura, a arte e o conhecimento, constatamos que a obra de arte também nos faz pensar. De facto, a obra de arte explica, tanto quanto a ciência e a filosofia, e até nos reconcilia com o mundo. Então, olhamos para ela e vemos. É claro que, com os ensinamentos que colhemos, através destas exposições, somos levados a rejeitar os anúncios de morte da arte. Temos a certeza que ela se vai vivificando fora dos cânones, escolas ou movimentos em que a procuraram encerrar e dos quais sempre se libertou.
A última exposição visitada, a de Rico Sequeira, da qual se mostra este reflexo, espelha bem o pluralismo do que é a arte: abstracção, realismo, minimalismo, expressionismo, pintura, cerâmica, desenho, plástico, tecido, serigrafia, tecnologia, passado, presente, denúncia, divertimento, cor, exuberância, tudo se desenvolve de uma forma harmoniosa, criativa e muito pedagógica.
É assim que cada um de nós, consoante a sua sensibilidade, personalidade, interesses e experiências se apropriou da leitura histórica e única que o artista fez do seu tempo e a renovará dentro de si.
Prof.ª Maria Alberta Fitas, Abril 2010
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