Este ano, a data de 20 de Novembro constituiu-se em mais um motivo para reconhecermos a vitalidade da actividade filosófica. Ela continua a interpelar-nos, seja nos textos mais elaborados e eternos dos filósofos consagrados, seja, nos poemas de canções, tantas vezes, não devidamente apreciados, mas autênticos lenitivos que engrandecem o dia-a-dia penoso e rotineiro, destituído de Humanidade, com que vamos preenchendo o nosso calendário.
Com esta convicção, foi sugerido, às turmas do 10º Ano A1, A2 e C1, que pesquisassem em poemas e/ou excertos de canções a fala da Humanidade e que os enriquecessem com o auxílio da voz esclarecida dos filósofos e com o contributo criativo e libertador da imagem.
Porquê? Porque a Filosofia é atitude. Ela não é só discurso. Não é mera contemplação. Nem puro ócio. Como disse Séneca nas Cartas a Lucílio, "A filosofia ensina a agir, não a falar".
Eis dois dos trabalhos expostos:
Michael Jackson and Friends
Nós somos o Mundo
Nós somos o Mundo, nós somos as crianças
Nós somos aqueles que criamos um dia mais brilhante
Então vamos começar a doar
É uma escolha que estamos a fazer
Estamos a salvar as nossas próprias vidas
É verdade que nós vamos criar um dia melhor
Só tu e eu
"As crianças distinguem inequivocamente, por um lado, as regras morais propriamente ditas, consideradas obrigatórias, relativas aos conceitos de felicidade, de justiça, de direitos e fundadas na honestidade e na ideia de evitar fazer o mal, e, por outro lado, as regras convencionais, consideradas não generalizáveis e contingentes, e que manifestam regularidades da organização social. Se a criança faz esta distinção, por que razão não a efectuaria o próprio adulto? Não poderá ele singularizar no seio dos diversos ensinamentos filosóficos ou religiosos que recebe, essa parte maior de imperativos morais universais que se encontram em comum ao nível de todos os representantes da espécie, colocando em segundo plano as convenções, rituais, práticas simbólicas, de origem cultural e eminentemente relativos?"
Jean-Pierre Changeux, Uma Mesma Ética para Todos?
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Pensamentos de Guerra
Ai Timor - Luís Represas
Lavam-se os olhos, nega-se o beijo
Do labirinto escolhe-se o mar
No cais deserto fica o desejo
Da terra quente por conquistar
Nobre soldado que vens senhor
Por sobre as asas do teu dragão
Beijas os corpos no chão queimado
Nunca terás o nosso perdão
Ai Timor
Calam-se as vozes
Dos teus avós
Ai Timor
Se outros calam
Cantemos nós
Salgas de ventres que não tiveste
Ceifando os filhos que não são teus
Nobre soldado nunca sonhaste
Ver uma espada na mão de Deus
Da cruz se faz uma lança em chamas
Que sangra o céu no sol do meio dia
Do meio dos corpos a mesma lama
L. Tolstoi, Guerra e Paz
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