BIBLIBLOGUE ESJAC - TAVIRA

Blogue da Biblioteca da Escola Secundária do Agrupamento de Escolas Dr. Jorge Augusto Correia - Tavira. "LER É SONHAR PELA MÃO DE OUTREM." Fernando Pessoa (Bernardo Soares), Livro do Desassossego.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Entrevista a Afonso Dias

Esta entrevista foi feita com a intenção de conhecer melhor uma pessoa que ambos os entrevistadores admiram. Este sentimento surgiu após terem assistido a uma palestra dada anteriormente pelo entrevistado. Aí, saltou-lhes imediatamente à vista o seu espírito bastante jovem e o gosto por aquilo que faz que Afonso Dias tem.

Onde nasceu?

Sou alentejano por tudo quanto é convicção, apesar de ter nascido na Maternidade Alfredo da Costa em Lisboa (?...), como metade da minha geração. Quer dizer: a minha mãe foi lá ter-me e depois veio para casa – ali entre Vendas Novas e Montemor-o- Novo.

E foi desde novo que a poesia puxou o seu interesse?

Até onde consigo recordar-me, aí pelos cinco, seis, sete anos, a Poesia era-me grata pela musicalidade da rima e do ritmo. Como acabei por vir a ser músico – e teria, pelos vistos, a tal “veia” musical que se diz essencial -, creio que essa musicalidade foi decisiva para que o meu gosto pela Poesia viesse a habitar-me. O tempo e as leituras foram fazendo o resto.


Pode dizer-se que o senhor é um exímio conhecedor de poemas. Tem algum preferido?

Difícil. Muito difícil eleger um poema... E injusto, porque deixaria de fora inúmeros outros que são significativos. Prefiro – mesmo cometendo a injustiça dos esquecimentos – assinalar alguns Poetas que me são muito caro: Camões, Bocage, Antero, Cesário, Pessoa, Caeiro, Campos, Régio, Natália, Sophia, O'Neill, Eugénio, Sebastião da Gama... eu sei lá?!
(E porque raio é que me tratam por senhor?...)

Tem alguma razão especial para esse ser o seu preferido?

Não assinalei preferência mas, vá lá, alguns títulos:

“Busque amor novas artes, novo engenho...” - Camões
“Liberdade onde estás, quem te demora...” - Bocage
Na Mão de Deus - Antero
Ave Marias - Cesário
O menino de sua mãe e Nevoeiro – Pessoa
VIII de “ O guardador de rebanhos” -Caeiro
“Passou por mim, veio ter comigo ...” - Campos
Toada de Portalegre – Régio
A defesa do Poeta – Natália
Pátria – Sophia
Um adeus português – O'Neill
Adeus – Eugénio
Canção da felicidade – S. da Gama

Quando vocês lerem (relerem) estes poemas, saberão porque gosto tanto deles.


Tem uma excelente capacidade de decorar poemas. Também escreve poemas?

A capacidade de decorar tem que ver com questões técnicas mas, sobretudo, com
o amor pelo meu trabalho – quando a gente gosta (muiiiito!!!) tudo fica mais fácil, não é?!...

De que forma relaciona os poemas com a sua vida?

A Poesia está na base de todos os sonhos, de todas as realizações, de toda a beleza...
Mais poema, menos poema, a Poesia comanda-nos a vida.
A todos nós.

De onde apareceu a música na sua vida?

Veio assim, devagarinho, era eu muito novo e... instalou-se. Desde então tem-me feito trabalhar muito e ser muito feliz.

Além da poesia e da música, que mais ocupação tem na sua vida?

Todas as minhas ocupações têm a música e a poesia em fundo.
Às vezes há umas “coisitas” chatas de que nem vale a pena falar.

Acha que a poesia é devidamente valorizada no nosso país?

Oficialmente nem comento.
Por nós é, e muito.
É isso que me interessa.

Tem um lema de vida? Qual?

Tenho dois:
Contra a estupidez – marchar, marchar.
Ser feliz e fazer outros felizes.

Não podemos desde já deixar de agradecer ao entrevistado, por ter colaborado de uma forma extraordinária connosco. Desejamos-lhe o maior sucesso. Obrigado Afonso Dias.


André Bringela e João Andrade, Curso Profissional de Técnicos de Multimédia, 1º ano

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