BIBLIBLOGUE ESJAC - TAVIRA

Blogue da Biblioteca da Escola Secundária do Agrupamento de Escolas Dr. Jorge Augusto Correia - Tavira. "LER É SONHAR PELA MÃO DE OUTREM." Fernando Pessoa (Bernardo Soares), Livro do Desassossego.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Alunas premiadas no Concurso «Sáude em Palavras»


As alunas Liliana Emídio, 12ºC, Maria Couto, 10ºA1, e Verónica Martins, 12ºA1, foram premiadas na fase concelhia do concurso "Saúde em Palavras", promovido pela DREALG, a Rede de Bibliotecas Escolares e a Administração Regional de Saúde do Algarve, com o apoio das Câmaras Municipais.

A cerimónia de entrega dos prémios, da fase concelhia, ocorreu no dia 16 de Maio na Biblioteca Álvaro de Campos, em Tavira.
Como o trabalho da Verónica Martins, 12ºA1, mereceu o primeiro lugar passou à fase regional e aí foi contemplado com o terceiro lugar.







Esta última cerimónia de entrega de prémios da fase regional teve lugar no dia 6 de Junho, pelas 15 horas, no auditório da Biblioteca Municipal de Faro.
Muitos parabéns à Verónica Martins pela sua muito boa prestação, bem como à Liliana Emídio e à Maria Couto!

Eis os textos premiados:

EM PRIMEIRO LUGAR, O TEXTO DA VERÓNICA MARTINS
Saúde em palavras

Um momento igual a todos os outros,
Um momento a mais, um momento a menos,
Momentos que passam despercebidos
Aos licenciados que não se inquietam muito em tratar:
Pessoas doentes ou à procura de lares quentes
Tanto egoísmo e ganância,
Só por causa da importância que ganharão,
Só por causa da má fama que lhes darão!
Pessoas em que o sofrimento bate à porta sem prévio aviso
Procuram numa ala hospitalar um sorriso.
Médicos que sabem de cor “a arte da persuasão”,
Mas que não sabem o significado de dedicação!
Também são os olhos da compreensão,
Todos os diagnósticos, temos de lhes dar razão!
Se há um engano, perde-se uma linda rapariga.
Se há muitos enganos perdem-se muitas vidas!
Mas continuam a ser médicos.
Integram-nos uma nova esperança,
Cada vez que alguém entra num consultório maternal com um ar banal,
Basta fazer uma simples ecografia,
E, com alegria, pronunciam: “Está grávida, parabéns”!
Com muitos cuidados, segurança e cautela,
Nove meses depois…
Se é menina, nasce uma nova Cinderella!
Se for menino, nasce o príncipe dela!
112 apelou-se!
Um indivíduo quebrou um osso!
Se não chegar a tempo a ambulância,
Já não se faz a ressonância!
Um indivíduo sofreu um enfarte!
Se a ambulância não chegar a tempo,
A família e os amigos rogarão sentimento!
Em capitais onde reinam os hospitais,
Reinam os chamados sistemas de triagem,
Que fazem dos pacientes verdadeiros selvagens!
Lento e sem escrúpulos,
Nem conseguem sequer animar um pequeno corpúsculo!
Depois de terem esperado,
Com o drama já superado,
A cura não os satisfez,
Pois a morte os levou de uma vez!
Cancro, AVC, doenças hereditárias e crónicas
São doenças que matam à velocidade supersónica!
Os formados doutores bem tentam,
Mas as suas grandes capacidades não libertam!
Há que pôr em causa doutra forma a questão…
E a nossa alimentação? E a poluição?
Não farão parte desta maldição?
Devíamos consumir produtos biológicos,
Pois são os que têm um sentido saudável, lógico!
Em vez disso, submetemo-nos:
A todos aqueles OGM`s (organismos geneticamente modificados) que ingerimos,
A todo aquele ar irrespirável que sopra com mimos!
O tabaco detestável que suicida as defesas de um organismo,
Aqueles fumos que saem de fábricas e se misturam com a realidade!
Ai que lá se vai a nossa preciosidade!
Fazer com que uma criança tome a refeição mais importante do dia – o pequeno – almoço…O leite e os cereais!
Durante a manhã, nada de porcarias, como as doçuras e as gorduras!
Durante a tarde, só as fibras e as vitaminas!
À noite, é só dormir, para no dia a seguir não cair!
Não queremos ver uma criança deprimida nem com baixa auto-estima,
Nem discriminada, nem sem namorada!
Acham que diversão é passar duas horas em frente à televisão?
Devem é correr para não adoecer!
A satisfação e a energia para recomeçar novas aventuras,
Mantêm a linha e a perfeição seguras!
E por falar em linha e perfeição…
Não é a estética corporal uma ilusão?
Jovens bonitas que querem ser ainda mais bonitas,
Umas sofrem de bulimia, deitar fora sem igual,
Outras padecem de anorexia, emagrecer sem igual,
Mas é tudo fantasia!
As ricas plásticas e o silicone que degradam o seu bem-estar,
Somente para na rua poderem passear!
Será que o mundo gira à volta só da nossa saúde?
“A ciência não tem limites”?
Hum, perguntas sem resposta, mas com uma aposta:
Há que ser consistente e lutar por um património medicinal exigente!

Verónica Martins, 2008
2º Concurso Literário infantil e Juvenil do Algarve
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EM SEGUNDO LUGAR, O TEXTO DA LILIANA EMÍDIO
Entras num mundo doente
Numa cidade não tão distante
Muito próxima de ti e de todos nós

O stress
As pessoas correm de um lado para o outro
Estão rodeadas de barulho, muito barulho
As horas passam, o tempo dispara
Olhas à tua volta
Começas a perceber que não há nada ambíguo neste mundo
Estás completamente encurralada
Não sabes por onde vais sair
Não percebes
Não queres ver que no dia que passa morreste 10 anos
Sentes-te cansada, farta, saturada de tudo e de todos
A paisagem é velha e completamente perdida
Hoje, mais que tudo, esgotaste a tua saúde
Perdeste a vida,
A sanidade mental começa a questionar-se
Sentes-te louca, completamente agoniada

Sabes bem que precisas de férias, físicas e mentais
Precisas de acabar com a cidade infernal que atravessas a cada dia.
Não é escolha, mas sim obsessão
Afinal de contas nunca viveste de outra maneira
Ou será que não sabes viver?
Então aprende
Não morras, por favor
Aguenta, sai desta vida
Vai em frente
Acorda, vive, deixa este modo de vida doentio
E irritante, que te faz ficar nervosa até mais não

Vive, sobrevive
Tens outra opção, sabes disso
Porém, não sabes como virar a página
Não transmites saúde, és uma corrente de
Boas ligações há muito perdida

És uma vida stressante da qual não querias fazer parte

És…
És…
Um mundo de interrogações
A cidade apavorada que não vive
Apenas sente
A presente correria desenfreada que te torna doente.

Por favor, não deixes que isto te invada
Resiste,
Agarra a vida

Sabes,
Há um lugar onde vais ser feliz
Há pessoas que te podem ouvir
Ceder uma palavra amiga
Descobrir uma porta aberta desvendando um olhar protector
A sabedoria de alguém
O tratamento esperado
Talvez um médico

Não tenhas medo estou aqui contigo
Não estás sozinha
Não temas os fantasmas do passado
Podes procurar ajuda…

LILIANA EMÍDIO
29/02/08
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EM TERCEIRO LUGAR, O TEXTO DA MARIA COUTO:

2º Concurso Literário Infantil e Juvenil do Algarve “Saúde em Palavras”

Palavras com saúde

Naquela pequena aldeia do interior o queixume era geral. Ninguém sabia como lidar com aquele vocábulo nervoso que causava tanta tormenta e tanto desgosto. Ninguém sabia como encurralar o seu atrevimento, como impedir a sua progressão, como esconder ou esquecer a sua presença.
Entendiam-no como um processo progressivo de declínio das capacidades físicas e mentais que, como se não bastasse, vinha acompanhado do aparecimento ou pioria das doenças crónicas.
Era terrível, era uma peste!
E não havia melhoras minimamente consideráveis. As pessoas queixavam-se do mesmo: “Senhor doutor, veja estas rugas!”; “Senhor doutor, já viu estas estrias, estas varizes, esta flacidez?”; “Que medicamento me receita para esta fraqueza, esta falta de energia?”; “Senhor doutor, já não consigo fixar nada, já não consigo concentrar-me, já não tenho memória. Tenho medo de qualquer dia não reconhecer os meus netos.”; “Senhor doutor, tenho o colesterol altíssimo, o ácido úrico elevadíssimo.”; “Senhor doutor, o meu desempenho sexual já não é o que era, está mesmo muito aquém”; “Senhor doutor, preciso de um medicamento que me faça bem, que me faça esquecer a tristeza. Tenho um enorme desgosto, um inquietante tormento.”; “Senhor doutor, estou tão deprimido!”; “Senhor doutor, sinto que estou a ficar demente”; “Senhor doutor, sinto-me só”…
Quando cheguei àquela aldeia, o panorama era este. À chegada, destoava sobremaneira do geral. Era a minha relativa inferior idade, era o meu absoluto entusiasmo. De modo que todos me passaram a ver como um anjo caído dos céus, um salvador.
De facto, era médico, e esse adjectivo não me era de todo estranho, pois já anteriormente salvara vidas!
Instalei-me. Era uma casa situada no cimo de um monte, afastada da aldeia. Escolhi-o para não ser incomodado nas minhas meditações. O consultório, abri-o bem no centro perto de todos.
Inicialmente, algumas cabeças singulares vieram colocar-se na reentrância da porta. Hesitavam. Depois convidei-as a entrar e, progressivamente, todas se foram familiarizando comigo.
Consultei um a um, estudei cada caso, analisei cada sintoma. Fui também uma espécie de psicólogo arranjado para as necessidades. E pude constatar que o problema era o mesmo. O vocábulo nervoso, pequeno de nome, mas de grande influência, era a velhice. A triste, penosa e solitária velhice. A decadente, a incurável e irreversível velhice.
Em casa, isolado de tudo, meditei, decidi as palavras certas, aquelas que os iriam aliviar da sua dor e dar um novo alento à vida. E escolhi…
No dia seguinte, sabia-o, nada iria ficar na mesma. Logo pela manhã, reuni-os e comecei. Fi-los entender que a velhice não devia ser entendida de forma negativa, como algo que apenas debilita e enfraquece mas como o culminar da sabedoria e do conhecimento, do bom senso e da serenidade. Recitei-lhes palavras bonitas, palavras alegres, palavras grandes, palavras subidas, palavras saudáveis, menos envergonhadas, mais coloridas, mais luminosas, vindas da infância, da juventude, do passado, do presente… Abri-lhes a mente, o espírito, o corpo, a um léxico cheio de vida, de poder imenso, com palavras bem acentuadas, ritmadas, de grande sonoridade calmante.
A emoção foi geral, a deles e a minha. Percebi que tinha cumprido mais uma etapa da minha curta vida. Começaram a rejuvenescer, tinham uma nova alegria, uma outra energia, tinham anestesiado a dor. As palavras deram-lhes a cura e agora chegavam cegos de felicidade, doentes de livros. E diária, semanal, quinzenal ou mensalmente dava-lhes um reforço vitamínico, prescrevia-lhes Pessoa, Torga, Sophia, Gedeão, Alegre, Saramago, Lobo Antunes…

Maria Teresa Couto
2008

2 comentários:

  1. É, sem dúvida, interessante.. num dia normal escrevemos uma texto ou poema e sem pensarmos este é escolhido por alguém e é nesse preciso momento em que tudo toma forma e cor. Observamos nesses olhos de quem nos escolheu e conheceu pelas palavras, nunca pela face humana, pelo olhos ou até mesmo pelo som da voz. sim reconheço que tudo vale a pena quando a alma não é pequena, no entanto, por vezes, esta é pequena, mas há que esteja por perto para tentar torna-la grande e multifacetada. e assim deixamos uma marca nesta escola, neste espaço e na mente de quem gostou e talvez volte a gostar de nos conhecer literáriamente. sei que não nos voltaremos, pois cada um seguira o seu rumo... mas já foi muito bom tentar e receber um surpresa, ouvir um elogio e SONHAR, uma das mais belas e usadas palavras...
    Quem não sonha? todos o fazemos até mesmo os "loucos"

    Liliana Emídio

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  2. A vida faz-se de tentativas e pequenos passos que, pela persistência, trabalho, empenho e ousadia, nos leva a um patamar superior do desenvolvimento humano. Porém, o excesso de confiança, a precipitação ou o desleixo podem atrasar-nos...

    Ana Cristina Matias

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