Por iniciativa da Biblioteca/CRE, em colaboração com o Departamento de Línguas, alunos e professores foram convidados a celebrar a poesia.
No dia 10, entre as 15:00 e as 16:30, reuniram-se, no Auditório, as turmas 10ºA2, 10ºC, 11ºA1 e 11º C2, para além de outros alunos assistentes, e muitos aceitaram o desafio de dar voz à poesia.
Foram recitados poemas de autores portugueses do século XX e a poesia de Eugénio de Andrade foi lida em português, espanhol e inglês, por alunos e pelos professores Ana Cristina e Darío Serón. Foi visionado também um DVD sobre poetas do século XX, realizado no ano transacto pela professora Antonieta Couto e os seus alunos.
Na terça-feira, dia 11 de Março, deu-se continuidade à celebração da poesia, tendo os alunos do 12º A1, 12º A2 , 12º C e 12ºE correspondido favoravelmente à solicitação das professoras Ana Cristina Matias e Antonieta Couto. Assim, para além do visionamento do DVD já mencionado, os alunos venceram a timidez e leram os poemas que tinham escrito em intertextualidade com Fernando Pessoa ou um dos seus heterónimos. As professoras Ana Cristina e Antonieta, bem como o professor José Couto também se juntaram aos alunos, tendo recitado poemas de autores portugueses.
A sessão terminou com a representação de um sketch alusivo a Fernando Pessoa e seus heterónimos, redigido e encenado por alunos do 12º A2.
Poemas em intertextualidade com Fernando Pessoa e seus heterónimos:
Não me venham com conclusões!
Não durmo, nem espero dormir.
Nem na morte espero dormir.
Ah! Viver...
Valerá a pena viver sóbrio
Sem um dia desfrutar desse tal ópio?
Para quê viver devagar,
Quando tudo passa simplesmente a correr.
Mas quando penso na morte e me debruço sobre ela,
Vem-me, não sei porquê, uma ânsia angustiante.
Tão angustiante que me assusta
Só o facto de a querer experimentar.
Por isso, peço-vos:
Não me venham com mais conclusões!
Tiago Gorgulho Gonçalves, 12º A1
Cegueira, vem.
Tenho sôfregas ganas de fechar os olhos
Calar tudo o que vejo!
Tudo em mim é um bocejo
Todo esse tudo:estultices aos molhos.
Aí entenderão que Não,
Que não quero, que mais não posso...
Que não passo de um néscio corpo sem mãos!
A culpa é desta Luz que não me deixa sentir
Essa coisa inóspita que me embriaga
Oh Cegueira, fá-la partir,
Ou ao menos tardar...
Quero sentir!
Ela que me tem anestesiada
Reclusa perpétua da sua substância
Mesmo com a minha presença molestada
Tudo por saciar a sua ânsia.
Ela sempre teima
E sem eu consentir
Já o seu fulgor a alma me queima.
Oh Cegueira, e se eu chorar?
Provar-te-ei o meu desalento?!
E se eu gritar?
Notarás pela voz o meu abatimento?!
É agora, é agora.
É chegada a almejada hora.
Cala-a! Cala-me essa luz
Oculta-a, encobre-a.
Comprime-a num só gesto
Assina o teu manifesto!
Faz evaporar pelas tuas gretas
A luz do meu coração
Ela tem apreço pelo silêncio da escuridão...
Cegueira, vem...
Estou na esquina
Vem se o que por mim tens é estima.
Minha real pessoa do nada e mais além precisa descansar.
O que há em mim é sobretudo cansaço.
É tudo o que me enche o regaço.
Alexandra Quinta, 12º C
(com a participação de Álvaro de Campos)
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